Os melhores animes cyberpunk para conhecer o subgênero
Depois de muito hype e pouco desempenho, o fracasso do jogo Cyberpunk 2077 pode ser a primeira coisa que alguém associa à palavra cyberpunk. No entanto, a história do movimento vai muito além de um game que não deu certo. E mangás e animes fazem parte dessa história. Por isso, neste artigo falaremos um pouco sobre o que é o cyberpunk e quais animes melhor representam o subgênero.
O que é cyberpunk?
Primeiramente, é preciso dizer o que, de fato, é o cyberpunk. Apesar de alguns afirmarem que Frankenstein é a primeira obra cyberpunk, o termo só foi usado pela primeira vez em 1983, em um conto do escritor Bruce Bethke. A palavra é uma junção de ‘cyber’, que faz alusão à tecnologia, e ‘punk’, que faz referência à rebeldia e à agressividade do movimento punk.
Há quem considere o cyberpunk um subgênero da ficção científica, mas sua força indica que talvez seja mais que isso. De modo geral, as obras cyberpunk falam de um futuro tecnológico, no qual humanos e máquinas praticamente se fundem. Além disso, as histórias geralmente se passam em metrópoles comandadas por grandes empresas. Enquanto isso, muitos vivem na pobreza e na marginalidade. Dessa forma, questões sociais são discutidas em meio a um ambiente high tech, que tenta prever quais as possíveis consequências do desenvolvimento tecnológico para a humanidade.
O cyberpunk pode ser visto no cinema, na televisão, na música, nos games, na moda e, é claro, nos animes e mangás. Embora já tenha tido seu auge, o movimento ainda hoje serve de inspiração. Mas, as maiores obras ainda são as mais antigas.
Os melhores animes cyberpunk
A cultura pop japonesa tem grandes nomes que representam o movimento. De uma forma ou de outra, todos eles trazem características do cyberpunk. Nesse contexto, várias dessas obras inspiraram – e ainda inspiram – muitos artistas, diretores e roteiristas. Mas, talvez possamos dizer que, dentre os animes cyberpunk, o mais aclamado e influente é Akira. Portanto, esse é o primeiro nome da nossa lista:
1. Akira
Apesar de o filme ser mais popular, Akira começou como um mangá de Katsuhiro Otomo. A revista seinen Young Magazine publicou o título entre 1982 e 1990. Ainda que seja relativamente antiga, a obra é tão pertinente que ainda hoje o mangá é vendido no Brasil. Em 2017, a editora JBC começou a publicação de Akira, completo em 6 volumes.
Em 1988, Akira ganhou um anime longa-metragem, também dirigido porKatsuhiro Otomo. Muitos atribuem ao sucesso de Akira o boom dos animes no Ocidente. O filme acompanha uma gangue de motoqueiros, dentre eles Kaneda e Tetsuo, quase 40 anos após a Terceira Guerra Mundial. Um dia, Tetsuo acaba atropelando uma criança misteriosa. Após esse evento, o menino ganha estranhos poderes. Desse modo, agentes do Governo capturam Tetsuo e o levam a um local secreto, onde comandam experimentos com crianças sobrenaturais.
O enredo sobre experiências do Governo com crianças de poderes telecinéticos nos lembra, inclusive, de Stranger Things. A personagem Eleven se parece, em muitos aspectos, com Tetsuo, e a equipe responsável pela série certamente se baseou em Akira. Até mesmo o rapper Kanye West já se declarou fã do anime. O clipe da música Stronger é fortemente inspirado no filme e traz várias referências visuais. Como exemplo temos as motos usadas pela gangue de Kaneda e Tetsuo, que também estão no clipe.
A tecnologia da qual fala o cyberpunk está presente em Akira, assim como a representação da marginalidade. Mas, visualmente, também é possível identificar características do movimento. As grandes metrópoles, de vida noturna agitada e cheias de letreiros neon, são comuns a quase todas as obras cyberpunk, e não é diferente com Akira. No entanto, esse pano de fundo serve para tratar de questões ainda mais profundas, presentes ao longo de todo o filme.
O anime está na Netflix.
2. Ghost in The Shell
Outro nome sempre presente nas discussões sobre animes cyberpunk é Ghost in The Shell. Assim como Akira, Ghost in The Shell também começou como um mangá da Young Magazine. A revista publicou a obra de Masamune Shirow entre 1989 e 1991. Entretanto, ao contrário de Akira, Ghost in The Shell ganhou outras duas séries de mangá. Ghost in the Shell 2: Man-Machine Interface serve de continuação à série original, enquanto Ghost in the Shell 1.5: Human Error Processor traz histórias que não entraram no mangá anterior. Masamune Shirow também escreveu e ilustrou ambas as obras.
O anime saiu em 1995, em forma de filme. A direção ficou por conta de Mamoru Oshii, um dos grandes nomes do cinema de animação. O longa foi um sucesso e é, para muitos, um dos maiores animes da cultura pop. Ele não poderia, portanto, ficar de fora dessa lista.
O anime traz a história da Major Motoko Kusanagi. Motoko é uma ciborgue extremamente habilidosa, encarregada de resolver os crimes do Mestre dos Fantoches. O vilão é um hacker responsável por vários delitos cibernéticos. Além de muita ação, ao longo do filme também são colocadas questões filosóficas e existencialistas. Afinal, quão humano pode ser um robô? E quão robótico pode ser um humano?
Os limites – ou a falta deles – entre homens e máquinas são, de fato, um dos principais pontos do cyberpunk, e o anime trabalha bem com isso. Não é à toa que a obra inspirou muitos outros trabalhos, como Matrix. Além disso, esse sucesso levou à produção de vários outros filmes e séries de anime. O último lançamento foi Ghost in the Shell: SAC_2045, cuja segunda temporada estreará na Netflix na próxima segunda-feira (23).
O filme de 1995 também está disponível na Netflix, enquanto os mangás são publicados, no Brasil, pela JBC.
3. Serial Experiments Lain
Único anime seriado da lista, Serial Experiments Lain é – com o perdão do trocadilho – a obra mais experimental das citadas aqui. Isso porque a narrativa não segue uma ordem muito clara de causa e efeito, além de usar muitos recursos incomuns. Nesse sentido, a história é contada como uma espécie de quebra-cabeça a ser montado pelo público. Contudo, quem gosta de narrativas complexas e experimentais não ficará decepcionado.
De modo geral, o anime conta a história de Lain. Após a morte de uma das suas colegas de sala, Lain recebe um e-mail dessa mesma garota. Ela diz que, na verdade, não morreu, mas está na Wired, uma rede virtual muito parecida com a internet. À medida que conhece mais sobre essa rede, Lain passa a desvendar os segredos da Tachibana Labs, uma grande corporação da área tecnológica. Lain faz tudo isso enquanto ainda lida com hackers e com os mistérios da Wired.
Assim como Ghost in the Shell, Serial Experiments Lain também trabalha com questões filosóficas e existenciais. Lain fica tão envolvida pela Wired, que passa a ser impossível distinguir o que é real e o que é virtual. E isso não acontece apenas com a personagem, mas também com a narrativa, que não separa realidade e virtualidade. Além disso, Lain passa por um conflito de identidade, uma vez que sua persona da Wired é totalmente diferente de quem ela é fora dessa rede.
Apesar de ser um anime de 1998, as discussões de Serial Experiments Lain permanecem muito atuais. Com a tecnologia presente em praticamente tudo ao nosso redor, também fica difícil distinguir onde termina o mundo real e onde começa o mundo virtual. E ainda podemos refletir: nossos perfis, fotos e comentários na internet representam mesmo quem somos na realidade?
O anime pode ser visto na Funimation.